Hora de prestar contas...

E Jesus disse: "Perdoai-vos, Pai, pois eles não sabem o que fazem!"
Depois de longa jornada com tantas experiências e aprendizados, nosso Louco chega na estação final (da vida terrena). No plano físico representa a Morte, destino final: o túmulo.
Na mitologia, Hermes é o emissário de Hades, que suavemente convoca os moribundos a partir.
O julgamento é o processo que ocorre em determinados momentos críticos da vida. Uma somatória de experiências passadas que se juntam para compor um grande mosaico. Há a necessidade de compreendê-las e aceitá-las. É o chamado para que o morto desperte para as várias decisões e ações realizadas, juntando os frutos da colheita.
A carta do julgamento simboliza a recompensa por esforços, embora o juiz esteja dentro de nós e não no mundo exterior. Contudo, também temos que pagar pelos pecados de nossa inconsciência. Esse é o momento da somatória, da conscientização daquilo que fizemos para construir o futuro que agora nos espera. É também o confronto perturbador com nossas próprias traições e fugas.
Contrastando com a carta da morte, o Julgamento não significa luto ou dor. Ao contrário, existe uma clara indicação da extensão do quanto fomos verdadeiros em relação a nós mesmos.

Eu acredito que planejamos esta vida terrena, antes mesmo da concepção, com base em tudo que fizemos ou deixamos de fazer nas encarnações anteriores, decidimos que chega a hora de voltar à Terra para mais uma experiência, para novos aprendizados, e quem sabe para correção de dores que foram causadas por nossas escolhas. Para esta nova experiência fazemos planos, escolhemos o país em que vamos nascer, a família que vai nos acolher, as circunstancias que vão acontecer - que propiciarão os acertos necessários - e as pessoas envolvidas em cada caso. Mas tudo isso é um Planejamento de vida... (e sabemos que o planejamento nem sempre é fiel ao que acontece na prática, porque envolve ação de terceiros, e porque nesse palco do "teatro da vida" é tudo feito no improviso e sem script!)
Somado ao fato de que esquecemos tudo ao adentrar o novo corpinho de um bebê, toda essa informação armazenada do planejamento fica arquivado num lugar inconsciente da memória. (segundo alguns teóricos, essas informações estão no 3º corpo, que pode ser acessado por meditações em vibração no estado Teta). Juntando a tudo isso o nosso Livre Arbítrio, muitas vezes chegamos a essa nova vida cheios de boas intenções de só fazer o que foi planejado, mas acabamos escolhendo outros caminhos... E a hora do Julgamento vem, quando despertamos a consciência, e aí sim vamos prestar contas - à nós mesmos - se cumprimos com a missão.
Aí eu me perguntava: "Não seria mais fácil se não existisse o esquecimento, e viéssemos com a lista de coisas a se fazer, (assim como fazemos uma lista de compras para o supermercado), garantindo que não esquecemos de nada?" E a resposta é simples, você será mais verdadeiramente testado, na sua mais profunda vontade, se encarnar o personagem e seguir o roteiro mesmo sem o script (será testado na memória se lembrar dos itens de compra sem a lista...) E a grande sabedoria divina provoca o esquecimento, porque na grande maioria das vezes, podemos vir numa família onde o irmão era seu arque-inimigo, ou onde sua mãe foi a esposa que o traiu, etc, justamente para através da nova roupagem e do amor em família, consigamos "aparar as arestas" e corrigir as desavenças e aprendermos a nos amar.
Muitas religiões usam essa noção de "pecado" de "castigo" e de "Karma" para nos modelar e controlar dentro de um MEDO do julgamento final...
E eu acredito sim que exista essa responsabilidade inconsciente, que vai ser cobrada sim, mas sem esse peso de culpa ou punição, mas como uma tentativa de acertos e erros, acreditando que lá no fundo, sempre achamos que decidimos pelo melhor!
Para ilustrar esse pensamento, eu vou deixar aqui um texto que fala sobre o Deus de Baruch Spinoza, um filósofo racionalista, e o link desse texto na voz de Flavio Siqueira, um pensador moderno que sigo nas redes e com quem aprendo muito sobre a vida!

“Pára de ficar rezando e batendo o peito! 
O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria.
Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. 
Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade?Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre.Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.Vive como se não o houvesse.Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir.Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que 
Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não.Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar.Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me!Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.Te sentes olhado, surpreendido?… Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres?Para que tantas explicações?
Não me procures fora!Não me acharás.
Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti.
Baruch Spinoza.

O Deus de Spinoza - Por Flávio Siqueira